quarta-feira, 31 de agosto de 2011

POEMAS DE DRUMMOND

Olá, pessoas!!!!

    Hoje trago dois poemas de Drummond para vocês lerem, refletirem, ou apenas se deleitarem.



Segredo

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.
 


A hora do cansaço

As coisas que amamos,

as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,

dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,

e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre

na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.  


E aí? O que acharam?
Beijos

Amanda

sábado, 27 de agosto de 2011

DRUMMOND

Olá, pessoas!!!!

     Para embalar o final de semana, trago um poema engraçado de Drummond, pelo menos, eu acho. E todas as vezes que leio este poema para meus alunos, eles se acabam de rir!!!!
Vamos a ele?!



A bunda que engraçada (1930 - No livro "O AMOR NATURAL")

A bunda, que engraçada.

Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai

pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas

em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte

por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda,

redunda.  


Me contem o que acharam. Bom fim de semana para vocês. Estou indo aproveitar o meu.
Beijos,
Amanda

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carlos Drummond de Andrade

Olá, pessoas!!!!

    Estou meio sumida do nosso blog porque ando com a vida meio corrida demais ultimamente, mas prometo voltar a postar com mais regularidade. Esta semana estava estudando Drummond com o terceiro ano e sei que volta e meio posto algum poema de Drummond, mas acho que o postar sobre este poeta nunca é demais. rsrsrsrsrs Por isso, trago hoje para vocês trechos uma reportagem de capa da revista Veja, de quando Drummond faleceu. O texto é muito grande, por isso, quem quiser lê-lo na íntegra, pode acessar o link da Revista Veja no fim da página. Apesar de ser um texto jornalístico, carrega uma poesia e uma beleza imensas. Espero que gostem. Depois posto mais poemas dele.




Descrição: http://veja.abril.com.br/veja_online_2007/imagens/pix.gifDescrição: http://veja.abril.com.br/veja_online_2007/imagens/pix.gif
26 de agosto de 1987
E agora, poesia?
Em seu mais amargurado verso, Carlos
Drummond de Andrade rima a perda da
filha única com a desilusão pela vida
e morre aos 84 anos
Em apenas doze dias, o poeta Carlos Drummond de Andrade esteve duas vezes no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Na primeira, o poeta mineiro, de 84 anos, enterrou a pessoa que mais amava, a filha Maria Julieta, de 57, vítima de um câncer generalizado. Cabeça baixa, olhos secos e atônitos, Drummond segurou a mão do ex-chanceler Antônio Azeredo da Silveira, um amigo de muitos anos, e disse: "Não tenho mais futuro, acabou tudo para mim". O poeta não conseguiu percorrer a alameda até a sepultura da filha. Estava cansado. Doze dias depois, na terça-feira passada, o poeta morto percorreu a alameda, conduzido no caixão pelos seus três netos e amigos. Silenciosas, 800 pessoas acompanharam o féretro e sepultaram Drummond da maneira que ele pediu - sem orações e discursos, na cripta 19.099, ao lado da de Maria Julieta.  Achando bárbaro o espetáculo da morte da filha, o poeta delicado preferiu morrer. De um ataque cardíaco, pouco antes das 9 horas da noite de segunda-feira passada.
No Cemitério São João Batista repousará, pó sem esperança, pó sem lembrança, a frágil figura que foi um dia Carlos Drummond de Andrade. Mas, de tudo quanto foi seu passo caprichoso, na vida, restará, pois o resto se esfuma, uma pedra no meio do caminho. Essa pedra no meio do caminho é a obra do poeta - a obra maior de Drummond, o claro enigma de seu canto. Na prosa da vida, porém, a morte infligiu um duro golpe ao poeta. No velório de Julieta, o autor de Quadrilha pediu ao filólogo Antônio Houaiss que ficasse ao seu lado e comentou: "Isto não está certo, ela deveria ficar para fechar meus olhos". Para Houaiss, desde julho, quando a metástase tomou conta de Maria Julieta, pai e filha como que disputaram uma corrida cujo prêmio, para quem chegasse primeiro, seria a morte.
CONFIDÊNCIAS - "Eles se sabiam condenados, mas cada um queria ir antes para não sentir o peso da ausência do outro", diz Houaiss. Nessa corrida, pai e filha, que mantinham uma relação intensíssima, trocaram todo o afeto e a atenção possíveis. Em 1979, quando ainda vivia em Buenos Aires, na Argentina, com os três filhos, Maria Julieta foi submetida a uma mastectomia no seio direito, já provocada pelo câncer ósseo. Nos meses em que ficou se recuperando no hospital, Maria Julieta lhe telefonava duas vezes por dia e mandava cartas semanalmente. Na terna cumplicidade entre os dois, a filha sempre dizia que estava muito bem, e o pai, no Rio de Janeiro, fingia acreditar que tudo estava realmente bem. Ao passar pelas sessões de quimioterapia, que a deixavam deprimida, Maria Julieta, também escritora, logo telefonava para amigos, pedindo que lhe contassem casos engraçados. "É que meu pai vei me telefonar agora e, pela minha voz, vai perceber que não estou me sentindo bem", explicava.

(...)
Com a morte da filha, o poeta ainda manteve alguns de seus hábitos caseiros. Acordava às 7 da manhã, ia dormir tarde, sempre depois de dar um último telefonema e de organizar o lixo de seu escritório com requintes de minúcia. Esvaziava o cesto de lixo sobre um jornal, em cima de sua mesa de trabalho, picotava todos os papéis com uma tesoura, embrulhava na folha de jornal e colocava tudo dentro de um saco plástico. "Ele fazia o lixo mais organizado do prédio", conta o neto Pedro Augusto. "Parecia até um embrulho de presente." Luis Maurício, o neto de 33 anos, lembra que, na semana que se seguiu à morte de Maria Julieta, o avô organizou quase 1.000 telegramas e cartas de condolências e decidiu responder a todos coletivamente, num anúncio pago no Jornal do Brasil. Drummond, porém, quis incinerar toda a sua correspondência com Maria Julieta organizada em 33 pastas. "Essas cartas não vão interessar a ninguém", disse o poeta ao genro e netos. Foi convencido a não incinerá-las.
(...)
Agnóstico, o poeta havia expressado o desejo de que não houvesse orações ou crucifixos no seu velório e enterro. Ele considerava uma ofensa religiososa fingir que acreditava em Deus e em rezas. Pelo velório, passaram mais de 1.000 pessoas, entre admiradores anônimos, escritores, atores, políticos, ministros e acadêmicos. (...) O Rio de Janeiro e Itabira decretaram luto oficial. Mas Ulysses, interinamente na Presidência, não os seguiu. Deixou, assim, de tomar uma das poucas decisões razoáveis para um presidente transitório.
No gabinete de trabalho do poeta, em seu apartamento, seus óculos estão sobre a mesa, ao lado da máquina de escrever. É a máquina velha, pois Drummond se adaptou à elétrica que a mulher deu de presente. Os livros estão em ordem nas prateleiras, e as gavetas, organizadas. Tudo parece aguardar para breve a volta de Carlos Drummond Andrade. Ele não voltará, pois o melhor dele mesmo lá está: seus livros de poesia e seus versos inesquecíveis.
Descrição: http://veja.abril.com.br/veja_online_2007/imagens/pix.gif
                                Drummond, sua esposa e sua amanda filha Maria Julieta
Link para quem quiser ler a reportagem na íntegra:

Beijos,

Amanda

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eterno!

Olá, pessoas!!!!

    Estou aqui para mais uma postagem "flash"! rsrsrsrs Brincadeiras à parte, mas a verdade é que não podia deixar de compartilhar este trechinho de Carlos Drummond de Andrade.  

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata." (Carlos Drummond de Andrade)

Excelente fim de semana!!!

Beijos

Amanda

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SER FELIZ!!!!


Olá, pessoas!!!

    Passo rapidinho (de novo) para deixar um poema de Fernando Pessoa. Sou suspeita para falar, mas acho lindo!!!! E vale como reflexão para a vida!!

"Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma....É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida...." (Fernando Pessoa)



Sim! Não esqueci de Luiz Queiroga, não. Meus alunos e eu estamos ouvindo vários "causos" de Coronel Ludugero. Depois posto com mais detalhes.

Beijos

Amanda
 


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Luiz Queiroga

Olá, pessoas!!!!!

    Hoje, passo rapidinho só para dizer a vocês que comecei a fazer umas atividades para que meus alunos conheçam a personalidade que dá nome à nossa escola: Luiz Queiroga! Infelizmente, eles não sabiam nada sobre Queiroga, apenas que tinha sido radialista, porque está no nome da escola: Escola Radialista Luiz Queiroga. Estou cheia de expectativas de que esse trabalho dê frutos bons. Ao longo da semana, vou passando para contar o que acontece! Trago uma foto dele.


Beijos
Amanda

sábado, 6 de agosto de 2011

Como adoro Mario Quintana!!!

Olá, pessoas!!!!


    Vocês já devem ter percebido que simplesmente ADORO os poemas de Mario Quintana, não é? Então, hoje "navegando" pela internet encontrei estes dois e gostaria de compartilhá-los com vocês! Aproveitem os poemas e o fim de semana!


DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana
- Espelho Mágico


OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo
 


E aí? O que acharam?

 Beijos
Amanda